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A Hidra e a Fênix: qual é o seu modelo de empresa na adversidade?

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As mitologias têm muito a nos ensinar. Nelas habitam conhecimentos antigos sobre vários aspectos da vida humana, inclusive sobre a gestão. Hoje, valendo-me de duas figuras mitológicas, gostaria de pensar modelos de organizações, principalmente em períodos de dificuldades e ressignificação.

Tal analogia não é minha, mas foi utilizada por Nassin Taleb como um arquétipo do que seria a gestão da fragilidade nas organizações. O que farei aqui é, pensando com Taleb, buscar ampliar e customizar para o nosso contexto tal realidade.

Entretanto, antes de customizar é preciso explicar essas duas figuras mitológicas. Comecemos pela Hidra. A também conhecida como Hidra de Lerna é um animal da mitologia Grega que além de apresentar uma estatura incrível e um aspecto aterrador seria constituída de sete, ou nove cabeças, dependendo da versão do relato. Tal mostro teria como propriedade o fato de que, ao ser decepada em uma de suas cabeças, no lugar, duas novas surgiriam. Desta forma, cada golpe deferido contra uma das cabeças da Hidra ao invés de enfraquecê-la a faria mais forte. Por sua vez, a Fênix, animal mitológico mais popular, é um pássaro que, quando pressentindo a morte, entrava em autocombustão e, passado algum tempo, ressurgia das próprias cinzas.

Pensando na gestão e no modelo das empresas se poderia perguntar: qual a diferença estratégica entre uma organização Hidra e uma Fênix? A organização Fênix é aquela que atravessa a dificuldade, a supera, as vezes tendo que fazer vários cortes e, como se diz por aí “apertar o cinto”, mas que depois de um período de penúria acaba voltando a condição anterior de estabilidade. Ela é aquela organização que fica sonhando com os dias felizes de outrora ou projeta para um momento “utópico” no tempo essa esperança. Qual o problema disso? A rigor, nenhum. Contudo, o modelo no qual estas organizações se apoiam é frágil. É o modelo da Fênix que, muito embora gloriosamente tenha ressurgido das cinzas, volta a ser aquilo que já fora, isto é, restaura o seu status quo.

Por sua vez, a Hidra é aquela organização que diante das adversidades e dos açoites dos contextos inóspitos não só se recupera, como a Fênix, mas, elemina as suas fragilidades, tornando-se antifrágil, aumentando o seu poder de atuação, afinal, as suas cabeças dobram.

Porém, um ponto de atenção aqui. Tanto a Fênix, quanto a Hidra não se tornam maiores o que muda é a potência. Traduzindo isso na linguagem da gestão dos nossos dias se poderia dizer: A Hidra ao se confrontar com a realidade adversa agrega mais valor à sua organização, a Fênix busca se restaurar para sobreviver e perpetuar o status quo.

Pensando nisso se poderia pensar: Qual é o modelo mitológico mais adequado? A resposta é: Depende. E vou ponderar agora para demonstrar isso. Se estamos tratando de uma organização dominante em um nicho de mercado que possui o monopólio absoluto dele e tem reservas de verdade que isso não mudará por um bom tempo, o que raramente acontece, o modelo da Fênix pode servir.

Entretanto, se estamos falando de um mercado volátil, imprevisível, acelerado, que é o que, em geral, nos deparamos como organizações, o modelo da Hidra parece ser mais adaptável. Mas atenção, aqui vem um elemento sabotador importante de ser dito. As vezes, no discurso, queremos ser Hidras e na prática nem Fênix conseguimos ser, pois muitas empresas não conseguem ressurgir das próprias cinzas.

Frente a isso, algumas sugestões são pertinentes. 1ª Conheça o seu modelo de negócio e se a sua cultura organizacional é de adaptabilidade ou possui um Mindset Fixo; 2ª Identifique as suas fragilidades e pontos de contato com a realidade externa a você. Muitas podem ser as adversidades que assolam tanto a nossa Hidra quanto a nossa Fênix. 3ª Conheça para onde a sua instituição olha quando pensa nos dias felizes e tranquilos.

Pense nisso.

Gillianno Mazzetto é filósofo e co-founder da Eipsi 

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