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Flavia Verginelli: “Aprendi cedo a sentar em qualquer mesa de igual para igual”

por:

Caroline Verre

Caroline Verre

Ao longo do mês de março, o blog da HSM publicará novos posts do especial “Futuro Feminino“, sequência de entrevistas com mulheres que estão redefinindo o futuro dos negócios. A série, que já apresentou conversas com Bozoma Saint John (Netflix), Paula Paschoal (Paypal Brasil) e Katia Vaskys (IBM), agora apresenta os bastidores da carreira e do estilo de gestão de Flavia Verginelli, Diretora Geral de Estratégia de Produtos e Centro de Experiência e Inovação do Google Brasil.

Economista, especializada em marketing e considerada dos grandes nomes em inovação e tecnologia do Brasil, Flavia fala sobre sua trajetória, desafios e visão sobre o futuro do trabalho. Veja a seguir.

Você começou sua carreira no mercado financeiro. Hoje, está à frente da área de produtos e inovação de uma gigante da tecnologia. Como foi para você galgar cargos em ambientes dominados por homens?

Interessante fazer esta retrospectiva e entender que muitas vezes sofri discriminação por ser mulher sem perceber que sofria. O sistema é tão enraizado que passa despercebido, você entra em um julgamento interno de que o problema é seu. Talvez, ainda que inconscientemente, isso me impulsionou a sempre aportar valor pelo conhecimento, sou muito curiosa e questionadora.

Não posso deixar de lado o fato de ter sido educada por referências femininas muito fortes dentro de casa. Fui incentivada a conquistar tudo aquilo que eu gostaria, e aprendi cedo a sentar em qualquer mesa de igual para igual.

Há alguns anos, você compartilhou em uma entrevista que sofria com a Síndrome da Impostora. Algo que, inclusive, te levou a recusar trabalhar no Google. Gostaria que compartilhasse o caminho percorrido para fora desse cenário e como você acha que as empresas podem proteger seus gestores da sensação de não estar à altura do cargo ocupado.

Estamos vivendo um momento de mudanças em uma velocidade nunca vista antes, e sentir-se inseguro pelo não conhecimento é absolutamente natural. As empresas terão que fomentar cada vez mais um ambiente com muita segurança psicológica para que as pessoas possam navegar no desconhecido com mais tranquilidade.

Buscar perfis complementares entre os gestores e promover a colaboração será fundamental para o sucesso das pessoas e empresas.

Você é adepta do listen to learn, uma prática que promove a escuta ativa em conversas profissionais. Em um mundo onde o mansplaining [termo que traduz a prática masculina de interromper mulheres como se elas não fossem capazes de se fazer entender] ainda é praticado, quais seriam suas dicas para as profissionais que querem praticar a escuta ativa sem perderem suas vozes?

Acredito que a escuta ativa é uma das habilidades que destaca um executivo. Você aprende muito, com mais referências e conhecimento a sua capacidade de tomar decisões mais assertivas aumentam.

Em relação a perder a sua voz, a dica que eu daria é usar a sua voz para fazer as perguntas certas e ser enfática e assertiva nas suas decisões.

No Google você é conhecida por desenvolver pessoas e dar bons feedbacks sem perder a gentileza. Isso certamente é facilitado por uma contratação assertiva. Quais características você mais valoriza no momento de escolher por um profissional?

Avalio se a pessoa tem vontade de aprender o tempo todo, consegue trabalhar em ambiente onde a colaboração é chave e a capacidade de resolver problemas. Estou sempre em busca de um time diverso em todas as suas dimensões, inclusive na forma de pensar e abordar problemas e trazer soluções.

O Google possui diversas políticas e comitês voltados para a questão da equidade, tendo inclusive metas top down, que não se limitam a áreas mas são aplicadas a toda empresa. Pensando no impacto das ações de gestão do Google para as demais empresas do mundo, gostaria que contasse um pouco sobre algumas das iniciativas praticadas e as que estão vindo por aí.

Acreditamos que quando mulheres e meninas têm as ferramentas, recursos e oportunidades para transformar seus potenciais, isso muda não apenas suas trajetórias individuais, mas também fortalece as comunidades em volta delas. Por isso, temos diferentes projetos de capacitação, investimento e aceleradores de carreira para mulheres.

Para citar apenas um exemplo, temos o “Cresça com o Google para Mulheres”, que é um programa de treinamentos que existe desde 2017 e que neste ano irá contar com edições especiais focadas em mulheres na tecnologia, mulheres trans, mulheres com mais de 60 anos, mulheres negras e mulheres com deficiências físicas.

Após uma década trabalhando com os olhos no futuro, moldando o presente que a maioria de nós experimentará, o que você enxerga no amanhã para as mulheres?

Vejo um futuro no qual mais mulheres estarão na política, nos conselhos e em posições chaves nas empresas. É um problema enraizado e não devemos perder oportunidade alguma para ser vocal e educar em todas as instâncias.

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