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Oliver Stone, o provocador curioso e humanitário

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[vc_row][vc_column][vc_column_text]O diretor de cinema norte-americano Oliver Stone tinha tudo para ser um jovem conservador, com uma carreira promissora em alguma empresa multinacional ou em Wall Street, um verdadeiro “filho do pai”, como seu colega de universidade George W. Bush. Mas desafiou as expectativas paternas quando decidiu abandonar a Yale University – para ele, não só era difícil acompanhar o conteúdo das aulas como também lidar com a extrema competitividade e a falta de calor humano que aquele ambiente impunha, explicou no discurso de boas-vindas que fez para a turma de 2016 da University of Connecticut, no início do ano.

Totalmente sem perspectivas, decidiu que não tinha nada a perder e alistou-se na Infantaria do Exército, disposto a combater na Guerra do Vietnã. “Era literalmente em meu 21o aniversário […] e eu estava em um avião voando para o Vietnã pela segunda vez – todos nós, 120, de roupas cáqui do Exército e cabelo reco. Nunca tive um aniversário de 21 anos; conforme atravessamos a Linha Internacional da Data, meu aniversário caiu no mar quando o calendário pulou um dia. Foi como um presságio – eu nunca chegaria aos 21. Eu ficaria perdido em uma falha do tempo no Vietnã”, afirmou ele para os calouros.

Na volta, perdido, sem profissão e ainda tentando sair da depressão que, como todos os veteranos, adquiriu na guerra, soube por um amigo já formado em Yale, e que agora começava a ganhar dinheiro fazendo filmes pornô, que poderia cursar cinema e pagar o curso com uma bolsa especial para veteranos oferecida pelo governo dos EUA, a quem, admite, ficou devendo essa. “Eu era calado e não me misturava muito. Aqueles estudantes estavam em outro mundo, e provavelmente olhavam para mim como se eu fosse o cara de ‘Táxi Driver’, que acabaria explodindo a classe.”

Dessa vez, conseguiu se formar e em seis ou sete anos dava início a uma carreira cinematográfica de sucessos e polêmica. Seu maior sucesso de bilheteria foi justamente o autobiográfico Platoon, no qual conta sua própria experiência no Vietnã e questiona a autoridade da chamada “Great Generation”, endeusada como exemplo para os americanos, mas, para Stone, um modelo que envolveu o país irresponsavelmente em guerra após guerra.

Sua trajetória mostra que se Oliver Stone tivesse de ser definido em uma palavra, esta seria provocação. Sempre crítico dos valores mais arraigados da sociedade norte-americana, ele também consegue como ninguém incomodar prós e contras com seus filmes.

Sua atual aventura é o filme Snowden, que deveria ter sido lançado em 2015 mas ficou para este ano para garantir uma posição melhor nos festivais e premiações, já que o grande filme político do ano passado era a investigação sobre pedofilia na Igreja mostrada em SpotlightSnowden conta a história de Edward Snowden, o funcionário da CIA responsável pelos vazamentos de informações sobre espionagem que ficou conhecido como Wikileaks.

Ao lado de filmes sobre os presidentes Nixon e John Fitzgerald Kennedy, além de outros dramas políticos e sobre a guerra, como Nascido em 4 de julho, e do seriado exibido no canal Showtime “The untold history of the United States”, em que ele reconta a história do país sob sua perspectiva crítica, Stone disse aos alunos que o que tira dessa experiência é que “Independentemente das dificuldades logo cedo, não pegue pesado demais consigo mesmo. Todos têm – mesmo sem saber – talentos ocultos, habilidades, paixões. Você simplesmente não consegue reconhecer ainda. Então escute o vento. A resposta pode estar soprando bem à sua frente…”

Mesmo formado em cinema, Stone considera que não teve uma formação acadêmica adequada – para ele, o que salvou foi sua eterna curiosidade. Em 2008, 40 anos depois da primeira tentativa, ele voltou para a universidade – para estudar a história norte-americana para criar a série, escrita em parceria com o professor Peter Kuznick. Além de aprender os fatos e de saber como interpretá-los, Stone tirou do ambiente acadêmico outra lição: o rigor. “Aprendi a checar e rechecar tudo – cada pequeno detalhe. Aprendi a duvidar e interrogar a mim mesmo.”

Nota do editor: Oliver Stone trará suas opiniões polêmicas para a HSM ExpoManagement, que acontece em São Paulo de 7 a 9 de novembro, no Transamérica Expo Center. Para mais informações clique aqui.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

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